João Carlos M. Madail

Economia mundial em ritmo lento de crescimento


A inflação que abala as principais economias do mundo tem dado sinais de persistência, o que tem preocupado os principais líderes dos países desenvolvidos. Os primeiros sinais da desaceleração no ritmo de crescimento das economias mundiais iniciaram com a pandemia da Covid-19 e têm se agravado com a guerra da Ucrânia, que não tem data para acabar e pode se agravar ainda mais com a notícia de que a Opep irá reduzir a produção de petróleo, o que certamente vai impactar no preço dos combustíveis.

Segundo informações, o barril de petróleo deve chegar a cem dólares, dificultando ainda mais o controle da inflação global. Segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB global em 2023 deve ficar entre 2,7% a 2,9%; em 2020 alcançou 5,61%. No Brasil, o Banco Central revisou sua projeção para o crescimento do PIB em 2023 de 1% para 1,2%.

O principal motivo para a desaceleração das principais economias mundiais é o impacto que vem ocorrendo do lado da oferta, com pressão sobre as cadeias produtivas globais de alimentos, fazendo com que estímulos fiscais e monetários contribuam na alta da inflação. Os inúmeros comentários de analistas que apostaram numa inflação transitória não se confirmaram, a inflação se manteve e não deixou de ser polêmica, virou consenso, com os bancos centrais subindo a taxa de juros e prometendo mais aperto, e por mais tempo, até trazer a inflação para a meta desejada. Para que isso ocorra, os governos têm adotado um conjunto de medidas com o objetivo de diminuir o alto crescimento do mercado econômico, reduzir o consumo e a desvalorização da moeda, uma das maneiras de controlar ou reduzir o aumento da inflação.

Nos Estados Unidos, a maior economia mundial, que gera 19,713 trilhões de dólares ao ano, a inflação que alcançou 6,5% em dezembro de 2022 tem cedido lentamente, o que já era esperado e deve impactar na redução dos juros. A questão em debate naquele país e até mesmo no Brasil é: quanto tempo será necessário para manter a taxa de juros em patamar elevado e, por conseguinte, qual será a intensidade da desaceleração da economia americana?

Fazer referência à economia americana é importante porque dela dependem vários parceiros de negócios, sejam de economias avançadas ou em desenvolvimento. No Brasil, apesar do Banco Central ter iniciado política contracionista quase um ano antes do americano Fed, a queda da taxa de juros é cada vez menos esperada para 2023, resistindo até mesmo à pressão do atual governo, que encontra dificuldade para programar propostas de campanha.

O tema de casa a ser feito pelo atual governo brasileiro no combate à inflação de demanda é reduzir a emissão monetária, o que irá diminuir o estímulo ao consumo, além da manutenção da taxa básica de juros Selic em 13,75%, praticada desde dezembro de 2022. Além disso, faz-se necessário certo ajuste nas finanças com cortes de gastos e até aumento de impostos para determinadas camadas mais favorecidas. É possível que a nova regra de controle das contas públicas do País proposta pelo ministro da Fazenda, em discussão, se aprovada pelo Congresso, possa estabilizar a dívida pública, sem cortar investimentos e gastos sociais essenciais como deseja o governo. A história do País tem mostrado que há décadas o Estado brasileiro não cabe no seu orçamento. Ao longo dos tempos, diversos mecanismos para dar sustentabilidade às contas públicas foram criados no Brasil, mas o País segue com crises de credibilidade diante de gastos públicos desorganizados. A economia tem regras técnicas para administrar as questões financeiras e monetárias, mas dependem de acordo políticos e medidas estabelecidas pelo governo que exerce uma influência direta em fatores determinantes no crescimento do País.

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